Feridas e cicatrização: a importância do cuidado
7 verdades e mentiras sobre feridas
Se você costuma ouvir histórias do tipo “ferida tem que tomar ar” ou “mel é uma das melhores coisas para machucados”, leia este texto. Nem tudo o que você lê ou ouve por aí é verdade.
1. Feridas têm que tomar ar
Vamos à afirmação acima logo de cara. Esse talvez seja um dos mitos mais propagados pela cultura popular. O tratamento padrão – padrão, porque o seu médico pode orientá-lo de outra forma – é manter a ferida coberta, para que se forme um ambiente úmido ali.
A ideia até pode parecer contraintuitiva, já que tendemos a acreditar que a formação da casca da ferida – parte do processo de cicatrização – se dá mais rapidamente se ela estiver exposta ao ambiente.
A teoria de que se deve manter a ferida úmida existe desde os anos 60. Um estudo clássico de 1962, publicado na conceituada revista científica Nature, demonstrou que se elas forem mantidas úmidas e cobertas com curativo, os vasos sanguíneos regeneram-se mais depressa e a formação de novas células cutâneas, que vão fechar o machucado, ocorre em uma taxa duas vezes maior do que se ela estivesse seca.
2. É melhor deixar a ferida formar uma casca, porque essa crosta é sinal de que a cicatrização está indo bem
Esse é outro dos mitos que costumamos ouvir desde criança: a de que a casca da ferida é sinal de que a cicatrização começou.
A casca é, sim, parte do processo de cicatrização, mas ela funciona como uma espécie de parede de tijolo, impedindo que novas células migrem até o local e possam cobrir aquele machucado. Por isso os médicos costumam fazer a remoção dessa casquinha com produtos químicos ou com aparelhos médicos. Alguns tipos de curativo também ajudam na retirada da crosta.
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3. Água oxigenada acelera a cicatrização
Embora a água oxigenada possa ser usada em alguns casos como antisséptico, ela não acelera a cicatrização. Na verdade, pode até desacelerar o processo, já que, além de matar bactérias, ela pode matar células saudáveis que vão regenerar o local.
Outro ponto negativo da água oxigenada é que ela pode desencadear irritação em pessoas de pele mais sensível.
Para limpar a área machucada, a melhor opção é soro fisiológico. Se não o tiver à mão, use água corrente – a água da torneira mesmo, deixando-a correr sobre a ferida.
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4. É normal a ferida coçar
Depende, a coceira na lesão é mais comum para feridas superficiais e cirúrgicas. Entretanto, isso também pode ser um alerta de infecção, principalmente em cortes cirúrgicos. Se além de coçar, o local tornar-se bastante avermelhado, inchado ou mesmo purulento, procure o seu médico imediatamente.
Ter vontade de coçar o local o tempo todo também pode ser uma reação alérgica a algum medicamento que esteja tomando ou passando sobre a ferida. Consulte o seu médico se a sensação não for embora.
5. Feridas pequenas não devem ser tratadas
Este é outro dos erros comuns: o de que um arranhão ou um pequeno corte não precisam ser tratados, pois o sistema de defesa do corpo dá conta de cuidar daquilo sozinho.
O fato é que para uma bactéria, basta um minúsculo furo na pele para que ela o use como porta de entrada para o seu corpo. Se você é diabético, as complicações ainda podem ser maiores, já que os doentes têm mais dificuldade de combater qualquer tipo de infecção e ela pode ser tornar um problema sério.
Não importa o tamanho ou a profundidade da ferida, cuide dela.
6. Lamber a ferida ajuda na cicatrização
Embora cães, gatos e outros primatas tenham o costume de lamber as próprias feridas, nós, humanos, não deveríamos lambê-las ou colocar saliva sobre elas.
A boca – e, portanto, a saliva – contém uma quantidade enorme de bactérias, que não causam nada na cavidade bucal, mas, se em contato com outros tecidos do corpo, podem levar a uma infecção.
A limpeza deve ser feita com água e sabão ou soro fisiológico.
7. A cicatrização fica mais difícil com a idade
Verdade. À medida que envelhecemos, não só a pele fica mais suscetível a feridas, já que a barreira física que ajuda a protegê-la fica fragilizada e a camada cutânea mais superficial tem sua espessura reduzida, como a cicatrização torna-se mais lenta.
A longevidade também leva à redução da resposta inflamatória, da síntese de colágeno e da formação de vasos sanguíneos, coisas que fazem parte do processo de cicatrização. Além disso, muitos idosos convivem com doenças como hipertensão arterial, diabetes e problemas vasculares, que têm grande impacto na recuperação da ferida.