Feridas: tipos, tratamento e tudo o que você precisa saber
Por Suprevida
A ferida é, por definição, uma deformidade ou lesão que pode ser superficial ou profunda, aberta ou fechada, simples ou complexa, aguda ou crônica. A complexidade das lesões varia entre fácil cicatrização e tratamentos mais complexos. Uma pele com ruptura tende a ser mais frágil, então, microrganismos e outros fatores de risco podem causar infecções.
TIPOS DE FERIDAS
Feridas agudas
São acidentais, agudas ou traumáticas. São feridas que cicatrizam sem complicações.
A lesão é provocada por objetos cortantes, contundentes, perfurantes ou lacerantes, introdução de venenos, mordeduras, queimaduras, entre outros fatores.
Além disso, esses traumas podem resultar em outros tipos de feridas, como amputação e avulsão, ferimentos corto-contusos, escoriações, esmagamentos, incisões, lacerações e lesões perfurantes.
Feridas crônicas
São associadas a doenças como diabetes, hipertensão arterial sistêmica, hanseníase, neoplasias, problemas neurológicos, entre outros. Não cicatrizam no tempo esperado e complicações ao longo do processo de reparação do tecido são recorrentes. A cura ou controle da doença é, na maioria das vezes, essencial para que cicatrização aconteça.
Entre as feridas crônicas estão a úlcera vasculogênica, a úlcera venosa, a úlcera arterial, a úlcera neuropática, a úlcera do pé diabético e a úlcera por pressão.
Feridas superficiais
A lesão acontece nas camadas mais superficiais da pele: a derme e a epiderme.
Feridas profundas
Nas feridas profundas, níveis mais profundos da pele são atingidos, como derme profunda, tecido adiposo, tendões, músculos e ossos.
Feridas simples
Assim como as feridas agudas, as feridas simples cicatrizam rapidamente e sem complicações.
Feridas complexas
O processo de cicatrização é lento e propenso a cronicidade. Pode apresentar um quadro infeccioso, conter tecidos desvitalizados, exsudação abundante e forte odor.
PRINCIPAIS CAUSAS DAS FERIDAS
Feridas cirúrgicas
Como o nome já diz, são feridas provocadas por um corte no tecido com um instrumento cirúrgico, como bisturi. Geralmente são fechadas através da aplicação de prontos, agrafos ou cola cirúrgica. São classificadas em limpa, limpa-contaminada e contaminada.
A ferida limpa é consequente de uma cirurgia eletiva, não traumática, não infectado, sem penetração no trato digestivo, respiratório, genito-urinário e nem na cavidade orofaríngea.
A limpa-contaminada acontece por causa de intervenções que penetram o sistema digestivo, respiratório ou genito-urinário, em condições controladas e sem contaminação.
A ferida contaminada ocorre devido a intervenções com grave violação técnica cirúrgica, casos de feridas traumáticas ou quando se penetra no aparelho respiratório, digestivo ou genito-urinário, na presença de uma infecção.
Feridas traumáticas
Lesão originada por causas externas, como acidentes, mordeduras, explosões, ferimentos por armas brancas ou de fogo, entre outras. Nas feridas traumáticas, pode ou não ocorrer a perda de tecidos.
Lesões ulcerativas
São lesões causadas por doenças relacionadas com a má circulação sanguínea, como alterações vasculares e complicações de diabetes.
[Leia mais: Principais causas das feridas]
CLASSIFICAÇÃO DOS TECIDOS DE ACORDO COM O GRAU DE FERIMENTO
Para que o tratamento adequado seja escolhido, o profissional deve avaliar o paciente levando em consideração suas condições físicas e as características da lesão, como tamanho, forma, profundidade, margens, características do exsudato e os tipos de tecidos.
Tecido viável (granulação, epitelização, músculo ou tecido subcutâneo)
O tecido viável é formado no processo de cicatrização, reconstituindo a área lesionada. É classificado em granulação, epitelização, músculo e tecido subcutâneo.
A granulação é caracterizada por um tecido úmido granulado vermelho ou rosa, composto de novos vasos sanguíneos, tecido conjuntivo, fibroblastos e células inflamatórios. Ele cobre uma ferida aberta quando ela começa a cicatrizar.
Leia mais: Classificação dos tecidos: tecido viável]
Tecido inviável (necrose, escara e esfacelo)
Na necrose, o tecido está desvitalizado, morto, e perdeu suas propriedades físicas e atividades biológicas.
A escara é caracterizada por uma necrose preta e marrom. O tecido desvitalizado pode estar solto, aderido, duro, macio ou com flutuação.
Já quando falamos de esfacelo, falamos de um tecido suave, úmido e não vascularizado. Pode ser branco, marrom, acastanhando ou verde e estar solto ou aderido.
SINAIS DE UMA FERIDA INFECTADA
Quando não tratamos uma ferida corretamente, microrganismos podem entrar nela e desencadear um processo inflamatório bem sério. Caso não seja cuidado a tempo e com atenção, pode resultar em uma sepse – uma complicação potencialmente fatal de uma infecção.
Alguns sinais de alerta são:
Não colocar curativo
Ao contrário do que muitos imaginam, não cobrir uma ferida pode causar infecções. O curativo serve como uma barreira protetora contra bactérias, além de criar um ambiente úmido, facilitando a cicatrização.
Vermelhidão ao redor da ferida
Vermelhidão é algo normal quando nos machucamos, mas se ela não passa entre 5 a 7 dias, algo pode estar errado. Procure seu médico para buscar orientações sobre o que fazer.
Presença de pus
Uma ferida não infeccionada gera um fluido chamado exsudato, que é possível controlar a drenagem com o uso de curativos. Se a ferida estiver infeccionada, um líquido amarelo, o pus, estará presente e, em algumas vezes, exalando um odor forte ou ruim.
[Leia mais: Ferida infectada: conheça os sinais de alerta]
CICATRIZAÇÃO: FASES
A cicatrização é a fase mais esperada quando temos uma ferida. Afinal, é muito chato e, em alguns casos, doloroso, ficar com o machucado aberto. Até curativos nos irritam, né?
Mas para chegar na fase final, a ferida passa por alguns outros passos importantes.
Homeostase
Quando nos machucamos, geralmente há um sangramento.
Nessa primeira fase, o corpo ativa um sistema de reparo de emergência e, em poucos minutos, as células sanguíneas se juntam para formar um coágulo, evitando que o sangue continue saindo.
Fase inflamatória
A segunda fase é focada na destruição de bactérias.
Nesse momento, diferentes células do sistema começam a atuar no sistema de defesa do organismo. Além disso, é nessa fase que a pele é preparada para o novo tecido. Seu tempo de duração é de 1 a 4 dias, dependendo da lesão.
Fase proliferativa
Na terceira fase, o foco é preencher e reconstruir o local machucado com novo tecido, feito basicamente de colágeno.
Nessa fase, a nova rede de vasos sanguíneos é formada para levar oxigênio e nutrientes às células mais jovens que acabaram de nascer. Seu tempo de duração é de 4 a 24 dias.
Fase de maturação
Fase final da cicatrização. O tecido novo fica mais forte e flexível porque o colágeno se reorganiza e a ferida é completamente fechada.
Essa fase pode durar até 2 anos, dependendo da ferida.
[Leia mais: Feridas: as 4 fases da cicatrização]
CICATRIZAÇÃO: CORES E SIGNIFICADOS
Algo que nos preocupa muito é a coloração das feridas. Como saber se infeccionou, se está tudo bem ou se precisamos procurar um médico? Veja:
Vermelho: cicatrização normal
A coloração avermelhada significa que a sua ferida está cicatrizando normalmente. Nesse estágio, o chamado “tecido de granulação” começa a ser formado para reconstituir sua pele. Dica: mantenha o ferimento coberto para protegê-lo de bactérias e possíveis traumas.
Rosa: cicatrização em estágio final
Se sua ferida está com a coloração rosada, significa que o tecido epitelial está sendo formado, ou seja, a cicatrização está em estágio final. Dica: continue com a ferida coberta.
Amarelo: indicativo de infecção
Atenção! A coloração amarelada significa que há liberação de fluidos que resultam em bactérias. É comum que o nosso próprio sistema de defesa cuide disso, mas é indicado que você procure um médico para orientações.
Preto: necrose
A coloração preta indica que a pele está em processo de necrose (morte das células). O tecido morto impede a cicatrização e atrai micróbios. Além disso, ele inibe a formação do tecido que tamparia a ferida.
Nesse caso, é necessário que você procure um médico o mais rápido o possível para que a situação não piore e se espalhe para outros locais.
[Leia mais: Cores indicam como a sua ferida está cicatrizando]
CICATRIZAÇÃO: COMO ACELERAR ESSE PROCESSO
Boa alimentação
A cicatrização nada mais é do que uma cascata de eventos que leva o corpo a produzir um novo tecido para tampar o “buraco” que ficou aberto.
Os nutrientes mais importantes para esse processo são:
- Proteínas (carne, soja e vegetais)
- Vitaminas A e C (frutas cítricas);
- Zinco (feijão e nozes).
Atividade física
Feridas cicatrizam mais rápido em quem se exercita regularmente.
Pesquisadores acreditam que isso aconteça porque o exercício dá um “up” na atividade do sistema de defesa do corpo e aumenta o fluxo de sangue, reduzindo a inflamação associada ao tecido machucado.
Uso de curativo
Usar curativo é uma das melhores maneiras de fazer com que a ferida cicatrize mais rapidamente.
Ele ajuda a proteger o local e a manter o ambiente úmido, o que acelera a cicatrização e diminui as chances de cicatrizes.
Descanso
Dormir bem pode te ajudar a se curar mais rápido.
Pessoas com déficit de sono têm maior concentração de substâncias pró-inflamatórias, que desaceleram a cicatrização.
Não exagerar nos drinques
Beber sem moderação impacta o sistema de defesa do corpo e a cicatrização basicamente depende dele.
Consumir álcool em grandes quantidades também resulta em infecção, aumentando o risco de sangramento.
[Leia mais: 5 maneiras de acelerar a cicatrização]
COBERTURAS DE PRATA
A prata é usada no tratamento de feridas há muito tempo, por suas propriedades antimicrobianas. Antigamente, era utilizada em sua forma sólida (fios de prata aplicados sobre a lesão) para prevenir ou controlar infecções. Além disso, íons de prata eram usados para limpar feridas.
Hoje em dia, cremes contendo compostos baseados na prata, como o sulfadianiza de prata, que tem propriedades antibióticas.
Em queimaduras, curativos com prata são indicados caso já exista aglomerados de bactérias (biofilmes).
Efeitos colaterais
A prata pode desencadear alguns efeitos colaterais, como dermatite de contato e irritação. A sulfadianiza de prata pode causar uma queda no número de leucócitos (células brancas do sangue).
[Leia mais: Feridas: prata no tratamento e cicatrização]
QUAL O CURATIVO IDEAL PARA CADA TIPO DE FERIDA?
Nem todas as feridas são iguais e nem todas podem ser tratadas com esparadrapo, gaze ou curativos adesivos como Band-Aid.
Para cada ferida, existe um curativo específico. Veja:
Hidrocoloides para feridas secas
Feridas secas nada mais são do que feridas que secam mais rapidamente quando expostas ao ar, o que desacelera o processo de cicatrização da maior parte das lesões.
Curativos hidrocoloides são indicados para esses tipos de lesões e para lesões superficiais porque eles ajudam a manter a umidade da área lesionada, acelerando a cicatrização e protegendo a pele contra bactérias que estão no ambiente externo.
Alginato de cálcio e sódio para feridas úmidas
Curativos à base de alginato – como o Saf Gel – contém fibras de sódio e cálcio extraídas de algas marinhas. Quando colocados sobre a lesão, ele reage com o exsudato da ferida e forma um gel extremamente absorvente, que consegue sugar mais de 20 vezes o peso de fluidos. Ele é capaz de absorver o exsudato excedente sem deixar a ferida totalmente seca.
Hidrofibra para feridas extremamente úmidas
Curativos de hidrofibra são altamente absorventes e são indicados para feridas em que a drenagem de fluidos é enorme. Assim como o alginato, quando entra em contato com o exsudato, forma um gel que absorve os fluidos excedentes sem deixar a ferida totalmente seca, e aprisiona bactérias, diminuindo o risco de infecção. Não são aderentes e, por isso, precisam de outro tipo de curativo para mantê-los presos à pele.
Espuma de poliuretano para traqueostomia e feridas sem infecção
São curativos que absorvem o exsudato, permitem a troca de gases com o ambiente, mantém a umidade necessária para a cicatrização e protegem a pele ao redor da ferida. Podem ser usados em vários tipos de leões, como lacerações e distúrbio de pele periestomal.
[Leia mais: O curativo ideal para cada tipo de ferida]
CUIDADOS BÁSICOS
Feridas e machucados são vítimas de vários “contos populares”. Ouvimos de várias pessoas que a “ferida tem que tomar ar” ou que “mel é um dos melhores remédios para machucados”. Mas até onde essas afirmações são verdadeiras?
Feridas têm que tomar ar: verdade ou mentira?
Mentira. O tratamento padrão é manter a ferida coberta para que se forme um ambiente úmido no local da lesão, favorecendo a regeneração dos vasos sanguíneos e, também, a formação de novas células cutâneas que fecharão o machucado.
[Leia mais: Feridas cicatrizam mais rápido cobertas ou descobertas?]
A ferida deve formar uma casca porque é um sinal de que a cicatrização está indo bem: verdade ou mentira?
Mentira. A "casquinha" é, de fato, parte do processo de cicatrização de uma ferida. No entanto, sua função é impedir que novas células migrem até o local e possam cobrir aquele machucado.
Água oxigenada acelera a cicatrização: verdade ou mentira?
Mentira. A água oxigenada pode desacelerar o processo de cicatrização porque, além de matar bactérias, ela pode matar células saudáveis que vão regenerar o local.
É normal a ferida coçar: verdade ou mentira?
Depende do tipo de ferida. A coceira é mais comum em feridas superficiais e cirúrgicas. No entanto, coceira pode ser um sinal de alerta para infecção, principalmente em cortes cirúrgicos. Caso o local esteja avermelhado, inchado ou purulento, procure um médico imediatamente.
Feridas pequenas não devem ser tratadas: verdade ou mentira?
Mentira. Para uma bactéria, basta um minúsculo furo na pele para que ela use como porta de entrada. Se você é diabético, as complicações podem ser ainda maiores.
[Leia mais: Feridas e cicatrização: a importância do cuidado]
O QUE PODE OU NÃO SER FEITO NO TRATAMENTO DE FERIDAS?
Algumas feridas parecem ser simples de serem tratadas, mas tratá-la sem orientação requer alguns cuidados e muita atenção.
O que pode ser feito:
- Limpar a ferida imediatamente com soro fisiológico. Se não tem à mão, misture uma pitada de sal num copo de água de dilua um pouco de sabonete;
- Aplique pressão;
- Cubra a ferida.
O que não pode ser feito:
- Atenção ao uso de antissépticos;
- Não se atentar a feridas que não fecham. Se a ferida está aberta há mais de 3 semanas, procure um médico imediatamente para identificar a causa.
[Leia mais: Tratamento de feridas: o que pode ou não ser feito?]
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