Como os animais de estimação podem ser verdadeiros salva-vidas para idosos

Por Serena Gordon

Ter um amigo de estimação peludo pode ter um efeito profundo na saúde mental dos idosos, possivelmente até ajudando a prevenir alguns suicídios, sugerem novas pesquisas.

Em um grupo de 35 idosos que eram donos de animais de estimação, mais de um terço disseram que eram "ativamente suicidas" ou "significativamente traumatizados", mas seus animais de estimação lhes deram um motivo para viver.

Um desses homens tinha cães e pássaros exóticos com necessidades de cuidados muito especializados.

"Realmente percebi que a única coisa que realmente me mantinha viva eram esses [cães] e os pássaros, me dando a chance de sair da cama de manhã. [Minha esposa] não os alimentava, ela se recusava a alimentá-los, então eu tive que sair da cama e fazer alguma coisa, certo? Caso contrário, eu ficaria dormindo por 20 a 22 horas por dia, sem problemas", disse ele. 

A principal autora do estudo, Janette Young, disse que é importante considerar cada indivíduo e não assumir que apresentar um animal a uma pessoa com depressão ou pensamentos suicidas resolverá seus problemas.

"Embora os animais de estimação sejam uma poderosa relação preventiva para algumas pessoas mais velhas, só de pensar que um animal de estimação ajudará qualquer suicida mais velho pode colocar animais e pessoas em risco", disse ela.

Young é professor na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade do Sul da Austrália, em Adelaide.

Por outro lado, ela acrescentou: "Definitivamente, não devemos esquecer [a importância do relacionamento] quando as pessoas mais velhas têm animais de estimação e não apenas tratá-las como frívolas - para alguns, animais de estimação são salva-vidas".

Internacionalmente, as taxas de suicídio estão diminuindo, de acordo com os autores do estudo. Mas o risco em pessoas idosas é maior do que em outras faixas etárias, principalmente entre as pessoas com mais de 60 anos.

Os animais de estimação têm sido associados a uma série de benefícios, como diminuição do risco de doenças cardíacas e antídoto para a solidão que pode acompanhar a velhice. Os pesquisadores queriam aprender mais sobre o potencial impacto que um animal de estimação poderia ter no bem-estar dos idosos.

Para o estudo, os investigadores recrutaram 35 donos de animais, com idades entre 59 e 83 anos, que viviam em residências individuais ou de casal. A maioria tinha cães, e alguns tinham gatos, pássaros e répteis.

Os pesquisadores fizeram perguntas sobre animais de estimação e a vida dos proprietários, mas não perguntaram especificamente sobre suicídio ou saúde mental.

Ter animais de estimação ajudou de várias maneiras, segundo o estudo. A responsabilidade de possuir o animal de estimação e ter que alimentar e cuidar de seus animais deu às pessoas um senso de propósito. Isso os fez sentir "conhecidos". E ter animais de estimação fazia com que se sentissem menos solitários (através da companhia e garantindo que o dono tivesse que sair).

Uma mulher descreveu da seguinte maneira: "Eu sofro muito de depressão, e você sabe, e sinceramente acho que se não fosse o Elvis (cachorro) que queria se levantar e andar todas as manhãs, eu provavelmente ficaria em casa aqui nas quatro paredes, ... e mesmo agora, há momentos em que não quero sair de casa e não quero me misturar com as pessoas, mas sou forçada a sair, porque Elvis quer ir."

Neste pequeno estudo, o efeito positivo de ter um animal de estimação parecia ser mais forte para os homens.

Gary Kennedy, diretor de psiquiatria geriátrica do Sistema de Saúde Montefiore na cidade de Nova York, disse que sua experiência "realmente ressoou com as descobertas do estudo".

Ele disse que as pessoas lhe dizem coisas como se tivessem pulado pela janela, exceto que não sabiam quem cuidaria de seus cães.

"Os animais proporcionam presença e companhia. Eles respondem às suas vocalizações. Você os alimenta, os prepara e com um cachorro, os acompanha. Há reciprocidade e companhia no relacionamento", disse ele.

Kennedy, um autodeclarado amante de cães, disse que acha que prédios de apartamentos e instalações de vida assistida devem permitir animais de estimação desde que seja seguro fazê-lo.

E, observou ele, com pessoas praticando distanciamento social e permanecendo em suas casas tanto devido ao coronavírus, levar o cachorro para passear é proporcionar pausas necessárias. "Há tanta ansiedade agora, muitas pessoas precisam ter a distração e diversão que os animais de estimação fornecem", disse ele.

Os resultados do estudo foram recentemente publicados online na revista Anthrozoös.

Mais Informações
Leia mais sobre os benefícios para a saúde de animais de estimação dos Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças. 

Se você estiver em crise, ligue para o CVV, Centro de Valorização da Vida em 188.