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Coronavírus: vendas online e delivery disparam no país


Por Suprevida

Com a orientação de isolamento social por conta da expansão acelerada do COVID-19, muita gente tem recorrido ao e-commerce para resolver questões do dia a dia, entre elas a compra de remédios, produtos médicos e itens para a casa.

Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM) e pelo Movimento Compre&Confie comparou vendas feitas em fevereiro e março de 2020 com as realizadas no mesmo período de 2019.

A pesquisa mostrou que categorias de bens de consumo chegaram a ter crescimento de mais de 100% no comércio online, com saúde (111%) ficando em primeiro lugar no ranking, seguida de beleza e perfumaria e supermercados, que acumularam altas de 83% e 80%, respectivamente.

Itens que sempre apresentaram bom desempenho em vendas online, como eletrônicos, câmeras, drones e games tiveram uma retração forte, que em alguns segmentos chegou a uma queda de 62%.

“Em qualquer crise, o ambiente de vendas online se consolida. Especialmente nesse momento em que o contato físico deve ser evitado, as vendas pela internet ganharam ainda mais relevância”, afirma André Dias, diretor executivo do Compre e Confie ao UOL.

Dias disse ainda que setores de menor porte no e-commerce ganharam protagonismo e que eles devem manter essa tendência mesmo com o fim da crise.

E-commerce só cresce
Desde 2008, quando a crise financeira mundial explodiu, o segmento de e-commerce vem andando na contramão das tendências econômicas, pegando carona na mudança progressiva de comportamento das pessoas.

A imensa quantidade de conteúdo disponível, a possibilidade de se conectar com qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo – inclusive as marcas – impactaram o modo como nos relacionamos e adquirimos produtos e serviços.

O crescimento do uso da internet, impulsionado pela popularização do smartphone no país, trouxe como consequência, entre outros, o aumento das vendas online. De acordo com a ABCOMM, a expectativa de crescimento do e-commerce para 2020 é de 18%, relata artigo do Mundo do Marketing.

Se essa já era uma previsão estimada, a explosão de casos do novo coronavírus no mundo deverá impor uma mudança ainda mais radical de comportamento das pessoas em relação às compras feitas pela internet.

É bem provável que mesmo aqueles que ainda eram reticentes ao e-commerce, por questão de necessidade busquem pelos serviços ou decidam dar uma chance a esse modo de compra. Já quem era adepto dessa via de compras eventualmente, deverá trocar de vez a compra em pontos físicos pela online.

Para que se tenha uma ideia, um relatório da relatório da Quantum Metric, fornecedor da plataforma SaaS, analisou 5,5 bilhões de visitas anônimas e agregadas online e visitas feitas pelo celular a sites de varejistas entre os dias 1 de janeiro a 29 de fevereiro, quando o surto já havia iniciado, mas a Organização Mundial de Saúde ainda não havia decretado pandemia. Os resultados da Quantum apontam um crescimento de 8,8% nos compradores online, que geraram um aumento de 52% nas vendas pela internet.

Acredita-se que a necessidade de os consumidores recorrerem às opções digitais como forma de contornar os ambientes físicos de compras deverá afetar o comportamento mesmo a longo prazo, ou seja, mesmo quando a crise terminar, esse novo comportamento adquirido de adquirir bens duráveis e não duráveis online permanecerá.

Em 2002, outro coronavírus impulsionou vendas online
Especialistas especulam que o novo coronavírus trará bons frutos para as vendas online, da mesma maneira que a crise da SARS trouxe para o e-commerce chinês.

Em 2002/2003, quando a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), também causada por um coronavírus, atingiu a China em cheio, escolas, fábricas e lojas foram fechadas. Muitas cidades chinesas viraram fantasmas. O comércio eletrônico ainda era incipiente, estava começando a surgir naquele país.  O Alibaba, por exemplo, era principalmente uma plataforma B2B, conectando compradores dos EUA a fornecedores chineses. 

Acontece que com o surto, muitos países ao redor do mundo emitiram alertas de viagem para empresários que viajavam para a China. Com a redução das viagens, muitos se voltaram para os negócios online do Alibaba para adquirir produtos chineses.

De lá para cá, o e-commerce não para de crescer. Essa história só mostra que oportunidades podem surgir mesmo em cenários de crise. Hoje, a infraestrutura do comércio eletrônico mundial já está bem estabelecida e robusta, mas espera-se que ela enfrente alguns desafios por conta do novo coronavírus.

Desafios
Se por um lado o comércio eletrônico está em franca expansão porque as lojas estão fechando e as pessoas estão em casa, por outro muitos donos de e-commerce admitem terem sido pegos de surpresa.

Muitos negócios foram obrigados a tirar as suas promoções do ar porque o estoque foi vendido tão rapidamente que eles não dariam conta de fazer a entrega.

Ainda há muita incerteza no ar. Uma delas diz respeito à circulação de mercadorias pelo país. Alguns governadores haviam fechado as suas fronteiras, mas o Governo Federal determinou através da Medida Provisória 926/20 que o fechamento de portos, aeroportos e rodovias durante a pandemia só poderá ser feita com recomendação técnica e fundamentada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

De qualquer maneira, como acontece em qualquer crise, as determinações das autoridades mudam de acordo com a expansão ou a retração do avanço da doença. Não é possível saber, nesse momento se a Medida Provisória será mantida até o fim da pandemia.

Outro desafio que muitos e-commerces deverão enfrentar é com seus próprios estoques. Muitos deles dependem de uma grande cadeia de suprimentos. Outros, de uma menor, que em algum ponto deverão ser impactas pela crise.

Isso significa que em algum momento, os produtos poderão levar mais tempo para chegar à casa do consumidor. É possível que muitos donos de negócio priorizem as entregas de produtos de alta demanda, como é o caso de produtos médicos e medicamentos.

Delivery também em alta
Os pedidos de delivery seguem a mesma tendência apresentada pelo segmento de e-commerce, com um significativo crescimento desde o início da pandemia no país. Segundo o presidente do Conselho de Economia do DF, César Bergo, determinadas áreas tendem a aumentar o número de pedidos. “Alguns segmentos devem crescer, como por exemplo o farmacêutico e o alimentício”, comentou ao Correio Braziliense.

As grandes empresas de delivery se disseram engajadas em ajudar os seus entregadores cadastrados a reduzir a possibilidade de contágio. Várias estão oferecendo apenas a opção “entrega na porta”. Outras, passaram a oferecer apenas a opção de pagamento com cartão, a fim de evitar o contato próximo com o entregador.

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