Dieta para diabéticos: Comer com inteligência ajuda no tratamento da doença
Por Suprevida
Já somos o quarto país do mundo com maior número de diabéticos e o terceiro com mais casos entre crianças e adolescentes, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF). São mais de 13 milhões de brasileiros com a doença, e as expectativas não são boas. Acredita-se que o número de doentes vá duplicar nos próximos 10 anos.
O crescimento progressivo e acelerado da doença acompanha o crescimento da obesidade no país, que já atinge quase 19% da população. Uma pesquisa do Ministério da Saúde mostrou que a relação é direta. Entre 2006 e 2016, houve um aumento de 61,8% nos casos de diabetes o país, enquanto os casos de obesidade cresceram 60%, alerta a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
A obesidade é responsável por cerca de 80% dos casos de diabetes tipo 2 – para que você saiba, 9 entre 10 pessoas com diabetes tem o tipo 2.Porém, mesmo em pessoas não obesas, o diabetes tipo 2 pode surgir caso haja um ganho de peso importante. O excesso de gordura pode se depositar no fígado, no pâncreas, no músculo e em outros órgãos, atrapalhando a ação da insulina, o hormônio que controla a glicemia no sangue, e fazendo com que os níveis de glicemia subam, diz o Doutor Bruno Halpern ao site da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Desconhecimento e falta de controle
O grande problema quando se trata do diabetes é o quase total desconhecimento do que significa ter a doença. Uma pesquisa feita em 2019 pela Abril Inteligência com o apoio da AstraZaneca revelou que apenas 1 em cada 4 brasileiros reconhece o diabetes como uma doença grave e principalmente quais as consequências de não tratar o diabetes com atenção.
Ao contrário do que muitos ainda pensam, diabetes não é só uma doença que leva as taxas de açúcar a ficarem mais altas (leia aqui). É, sim, uma doença crônica e progressiva que pode causar danos devastadores ao corpo. Quando ela não é bem controlada, pode causar danos ao coração, rins, olhos e nervos, resultando em ataque cardíaco, AVC, falência renal, amputação dos pés ou da perna, cegueira e até morte.
Com a ajuda de remédios – que podem ser insulina, no caso do diabetes 1 ou 2, ou medicamentos orais, no caso do diabetes 2 -, há duas principais maneiras de controlar a doença: alimentação e atividade física.
Dieta saudável e com moderação
A boa notícia é que os tratamentos para o diabetes mudaram consideravelmente. Hoje, o consenso é de que o diabético deve ter uma vida o mais próxima possível de qualquer outra pessoa.
Por isso, quase não se fala mais em tirar para sempre algum alimento do cardápio. Pelo contrário: a dieta do diabético não significa que você vai ter de desistir da macarronada da mãe no fim de semana nem da noite da pizza com os amigos e muito menos de que a sua alimentação não vai ter gosto de nada.
É preciso apenas fazer alguns ajustes, de forma que a sua alimentação seja mais balanceada. Com moderação, nada é proibido. Aliás, esse é um mandamento que vale para todo mundo, inclusive para quem não tem diabetes. Afinal, não há saúde que saia impune de salgadinhos, hambúrgueres cheio de óleo, biscoito, refrigerante e sobremesa todo santo dia.
É por causa da adoção de dietas como essas, que carregam um caminhão de calorias e de gordura, que a obesidade vem crescendo assustadoramente no mundo. Excesso de peso traz uma série de consequências devastadoras para o corpo – o diabetes 2 é uma delas. “É importante destacar que a dieta pode contribuir para o desenvolvimento da doença ou para o tratamento dela. Por se tratar de uma doença sem cura e progressiva, uma boa alimentação é capaz de reduzir a velocidade do desenvolvimento do diabetes e, consequentemente, reduzir as complicações associadas à doença”, disse Dennys Ésper Cintra, professor de Nutrigenômica da Unicamp ao site da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Como o diabetes 2 está ligado à obesidade, é claro que a perda de peso pode evitar o aparecimento da doença. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, para cada quilo de peso perdido em pessoas que tem pré-diabetes, cai em 16% o risco do desenvolvimento da condição. Quem já convive com o diabetes, a perda de peso pode deixar a doença sob controle, mesmo sem o uso de remédio.
Agora, não é todo mundo que consegue seguir uma dieta para sempre. Uma das alternativas que não exclui nada e que estudos já demostraram ajuda a manter as taxas de açúcar sob controle (meta para quem é diabético), além de ajudar a reduzir os níveis do colesterol ruim e ajudar no controle da pressão arterial, é a dieta Mediterrânea.
Basicamente, as premissas dela são:
- coma: vegetais, grãos integrais, nozes e outras oleaginosas, sementes, frutas, peixe, batata, legumes, frutos do mar, pão integral e azeite de oliva
- coma raramente: carne vermelha
- não coma: pão branco, margarina, macarrão feito com farinha branca, óleos refinados (canola, soja etc.), carnes processadas (linguiça, salsicha), alimentos processados (biscoito ou qualquer coisa que diga no rótulo “diet” ou “low-fat”), refrigerante, sorvete, açúcar branco ou qualquer outra coisa que contenha açúcar.
Um estudo de 2016 com diabéticos tipo 2 recém-diagnosticados, diz a SBD, comprovou que aqueles que seguiram a dieta mediterrânea controlaram melhor a glicemia. Outro dado que chamou a atenção foi que 15% dos pacientes do grupo da dieta mediterrânea conseguiram entrar em remissão e ficar livres do medicamento por pelo menos um ano, contra apenas 5% do outro grupo.
Alimentos de baixo índice glicêmico
Focar em alimentos de baixo índice glicêmico também pode ser uma boa ferramenta para o controle do diabetes. Pesquisas mostram que a quantidade e o tipo de carboidrato presente no alimento afetam os níveis de açúcar no sangue.
Devido a fato de o tipo de carboidrato afetar a glicemia, usar o índice glicêmico dos alimentos pode contribuir para o controle das taxas de açúcar no sangue, sendo uma estratégia a mais para manter a glicemia dentro da faixa-alvo determinada pelo seu médico.
Índice glicêmico ou IG é uma medida da rapidez com que o corpo transforma o alimento em glicose. Essa glicose cai no sangue e será levada para as células, onde servirá de fonte de energia. Quanto maior o IG, mais rápido o organismo transforma o alimento em glicose e ela cai no sangue, fazendo a glicemia saltar. Quanto menor, mais lentamente essa glicose cai na corrente sanguínea, fazendo com que não haja um pico de glicemia.
Quanto mais fibroso for o alimento e menos processado ele for, menos será o seu IG. Assim, se você focar em alimentos integrais, verduras e legumes, ricos em fibras e não processados – algo que a dieta Mediterrânea já preconiza, você estará cumprindo o seu papel no controle das taxas de açúcar do sangue.
Maneire nas porções e meça a glicemia
Não é porque você está comendo alimentos saudáveis que pode liberar geral. Maneire nas porções. Uma dica fundamental é fracionar a alimentação em 3 refeições principais e 2 a 3 lanchinhos durante o dia. Com isso, você não vai chegar ao almoço ou jantar com aquela fome de leão e com vontade de atacar tudo o que vê pela frente. Isso só prejudica o controle do diabetes.
Outro ponto essencial: meça a sua glicemia como o determinado pelo seu médico. Para algumas pessoas, 1 a 2 vezes ao dia é suficiente. Para outras, o médico pode recomendar de 4 até 6 vezes ao dia. Não deixe de fazer.