Feridas no diabético: controle ajuda a evitar complicações
Por Suprevida
O diabetes pode ser praticamente inofensivo quando controlado, mas quando sem controle, ou seja, quando as taxas de açúcar sanguíneas permanecem altas por longo período, elas podem levar a uma série de complicações bastante graves.
Uma dessas complicações é a chamada ferida diabética. Todo mundo que é ativo tem chance de se ferir. Pode ser um ferimento leve, um corte, uma queimadura. Faz parte da vida. O problema acontece com os diabéticos que não mantêm a doença controlada.
Glicemia alta prejudica a cicatrização. Não estamos falando de glicemia alta um dia – algo que todo diabético vai experimentar várias vezes em sua vida -, mas de taxas de açúcar permanentemente elevadas, sinal de que a doença está fora de controle.
Há três principais razões de as feridas nos diabéticos não cicatrizarem:
"A quantidade de glicose (açúcar) no sangue afeta o corpo de várias maneiras", disse o Doutor Edward Batzel, diretor médico do Centro Médico Geisinger ao site da instituição. “Níveis altos de glicose podem endurecer os vasos sanguíneos, dificultando o fluxo de sangue. Isso significa que os nutrientes e o oxigênio não conseguem alcançar as células, o que dificulta o reparo de feridas. A longo prazo, a falta de oxigênio pode causar a morte das células - eventualmente levando a uma possível necrose e amputação.”
Níveis elevados de açúcar no sangue também podem levar, com o passar do tempo, a uma condição chamada neuropatia diabética, ou seja, danos nos nervos, fazendo com que o diabético perca a sensibilidade, principalmente nas extremidades – mãos e pés.
Assim, se você tiver uma pedrinha no sapato machucando o seu pé, é bem provável que não sinta. Feridas pequenas, como bolhas nos pés, podem passar despercebidas por longos períodos de tempo. Como o corpo não é capaz de se reparar com a mesma eficiência, um machucadinho simples pode piorar e eventualmente se transformar em algo mais grave, como uma úlcera.
O nosso sistema de defesa, chamado de sistema imunológico, é responsável por defender o corpo de invasores externos como bactérias e outros germes e participa ativamente do processo de cicatrização das feridas.
Quando você tem diabetes, seu corpo produz enzimas e hormônios que fazem com que o sistema imunológico seja menos eficaz. Assim, se por acaso o local da ferida é invadido por bactérias e infecciona, o corpo não terá tantas condições de combater os invasores.
Se não cuidada com atenção, a ferida pode levar a condições mais graves, como a gangrena.
Úlcera do pé diabético: a ferida mais comum
É claro que, assim como qualquer pessoa, um diabético pode ter uma ferida em qualquer lugar do corpo. Entretanto, as chances são maiores nos pés. Primeiro, porque a pele da sola do pé é fininha e corre mais risco de ser perfurada ou cortada.
Segundo, porque quem tem diabetes tem mais propensão a apresentar a pele seca, o que tende a formar rachaduras na sola do pé. Como o diabético que não controla a doença não foi premiado com o “dom da dor”, uma rachadura em pouco tempo pode se transformar numa úlcera. Quando ele percebe, é tarde demais.
Dados dão conta de que metade das vezes, a úlcera no pé infecciona, aumentando o risco de amputação nos pés. Para que se tenha uma ideia, de todas as amputações em pessoas diabéticas, 85% delas são precedidas por úlceras nos pés.
Como prevenir
Não tem jeito. A única maneira de prevenir o aparecimento de feridas diabéticas é mantendo a glicemia sob controle, comendo bem e com moderação e fazendo um check-up permanente no corpo. E como se faz isso?
Fazer exercícios – qualquer um, de caminhar a fazer basquete – faz bem à saúde do coração, dos músculos, da cabeça. Ponto. Como se isso não bastasse, fazer atividade física também reduz as taxas de açúcar no sangue.
Quando nos exercitamos, nossas células necessitam de uma dose extra de energia, energia que vem da glicose (açúcar). Assim, ao malharmos, permitimos que os músculos absorvam o açúcar que vai ser usado como energia, mesmo sem o uso de insulina.
O exercício também aumenta a sensibilidade do corpo à insulina. Isso significa que nossas células ficam mais capazes de usar a insulina para absorver o açúcar que está circulando na corrente sanguínea e usá-lo como fonte de energia.
Quem tem preguiça de exercitar, precisa saber o seguinte. Não é preciso ir para a academia necessariamente (claro que é bom). Bastam 30 minutos de caminhada por dia, 5 vezes por semana.
Como boa parte das feridas surgem nos pés, é importante redobrar a atenção. Ao sair do banho, dê uma olhada atenta nos pés, principalmente na sola e entre os dedos.
Procure passar hidratante nos pés para evitar que eles rachem. Sapatos também merecem atenção. Procure usar sapatos confortáveis, que não apertem e que possam causar algum tipo de machucadinho. E, claro, mantenha as unhas bem aparadas, porque unhas pontiagudas ou longas podem lesionar os pés.
Para o diabético, uma dieta saudável não é diferente do que a preconizada para qualquer pessoa (leia aqui como deve ser a dieta do diabético)
Quanto mais variada e colorida a alimentação for e quanto menos industrializada forem os alimentos que você colocar no seu prato, mais chances você terá de dar ao corpo todos os nutrientes e vitaminas de que ele precisa. Esses nutrientes também são essenciais para que a cicatrização seja acelerada.
Temos de admitir. Não é fácil convencer o diabético de que ele tem de fazer a medição diária da glicemia. Vários estudos já mostraram que a maioria dos doentes tem dificuldade de se convencer de que isso trará benefícios simplesmente porque ele não vê um benefício imediato.
Fazer a medição diária da glicemia é uma das atitudes mais importantes que você pode tomar em relação a você mesmo. Quem tem diabetes tipo 1 provavelmente é orientado pelo médico a fazer mais de uma medição diária. Faça!
Isso vai ajudar o seu médico a verificar o quão bem controlado está o seu diabetes e, juntos, vocês poderão rediscutir estratégias para que o controle seja melhor.
Outro exame fundamental é o da hemoglobina glicada. Ele dá uma média das glicemias nos últimos 3 meses e é uma ferramenta fundamental para o médico rediscutir o tratamento. Faça o exame a cada 3 meses.