Não é um mito! Contraceptivos podem causar ganho de peso
Por Robert Preidt
A genética pode explicar por que algumas mulheres ganham peso ao usar um método popular de controle de natalidade, dizem os pesquisadores.
"Durante anos, as mulheres disseram que o controle da natalidade faz com que ganhem peso, mas muitos médicos não os levaram a sério", disse o principal autor do estudo, Dr. Aaron Lazorwitz. Ele é professor assistente de obstetrícia / ginecologia e planejamento familiar na Faculdade de Medicina da Universidade do Colorado, em Aurora.
"Agora analisamos a genética e descobrimos que a maneira como os genes interagem com alguns hormônios no controle da natalidade pode ajudar a explicar por que algumas mulheres ganham mais peso do que outras", acrescentou Lazorwitz em um comunicado de imprensa da universidade.
O implante contraceptivo de etonogestrel é inserido sob a pele. Contém etonogestrel, um tipo de progestina que inibe a ovulação, e é considerado um dos tipos mais eficazes de controle de natalidade.
Para o estudo, os pesquisadores revisaram os registros médicos de 276 mulheres que receberam o implante. Eles descobriram que essas mulheres tinham um ganho de peso médio de cerca de 7 quilos em uma média de 27 meses de uso. Quase três quartos das mulheres ganharam peso.
Investigações posteriores levaram os pesquisadores a concluir que variantes genéticas no receptor de estrogênio 1 (ESR1) entre algumas mulheres estavam associadas a um ganho de peso significativo.
Em média, mulheres com duas cópias da variante ESR1 rs9340799 ganharam mais de 30 quilos ao usar o implante contraceptivo do que as outras mulheres do estudo. Pesquisas anteriores descobriram ligações entre as variantes genéticas da ESR1 e o funcionamento de outros tipos de medicamentos, observaram os autores do estudo.
Embora este estudo tenha se concentrado no implante contraceptivo de etonogestrel, outros medicamentos anticoncepcionais podem ter interações semelhantes com genes que causam ganho de peso, disseram os pesquisadores.
"É imperativo entender melhor como a variação genética individual pode influenciar o risco de ganho de peso adverso da mulher ao usar esses medicamentos", disse Lazorwitz.
Atualmente, não há como identificar quem ganhará peso ao usar esses medicamentos. Os prestadores de cuidados de saúde podem fornecer aconselhamento sobre o potencial ganho de peso ou sugerir formas não-hormonais de controle da natalidade, como os dispositivos intra-uterinos de cobre (DIU), sugeriram os autores do estudo.
"À medida que nossa compreensão da farmacogenômica na saúde das mulheres se expande, podemos desenvolver aconselhamento individualizado que pode reduzir a incidência de efeitos adversos relacionados a hormônios, melhorar a satisfação do paciente e ajudar a prevenir futuros riscos à saúde associados ao ganho de peso", afirmou Lazorwitz.
O estudo foi publicado recentemente na revista Contraception.