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Onde estamos na descoberta de um tratamento ou de uma vacina contra o coronavírus


Por Suprevida


Com os casos confirmados de COVID-19 tendo ultrapassado 11 milhões e 500 mil casos em todo o mundo, segundo boletim de 7 de julho da Organização Mundial da Saúde, e a situação brasileira ainda longe de um controle, cientistas têm corrido contra o tempo na tentativa de encontrar um tratamento que seja comprovadamente eficaz contra a doença e também de uma vacina que possa proteger quem ainda não teve contato com o coronavírus.

Especialistas acreditam que os primeiros tratamentos serão remédios que já foram anteriormente aprovados para outras doenças ou que já foram testados em outros vírus, até porque partir do zero, nesse momento, significaria retardar - e muito - o uso de medicamentos nas pessoas que estão internadas e precisando de ajuda.

Para que se tenha uma ideia, pode levar uma década ou mais para que um novo composto vá da descoberta inicial até o lançamento no mercado, pois passa por inúmeras fases de testes, em animais e depois em humanos. Muitos compostos nem chegam tão longe, e os estudos são abandonados no meio do caminho. O fato é que o mundo não tem todo esse tempo para esperar.

Leia, abaixo, perguntas e respostas que vão ajudar a resolver as suas dúvidas com relação a possíveis tratamentos e à vacina contra o SARS-CoV-2.

1. Por que é tão difícil desenvolver tratamentos para doenças virais?
Um remédio antiviral deve ser capaz de atingir a parte específica do ciclo de vida de um vírus que é necessária para sua reprodução. Além disso, um antiviral deve ser capaz de matar um vírus sem matar a célula humana que ele invadiu. 
O problema é que os vírus são altamente adaptáveis. Por se reproduzirem muito rapidamente, eles têm muitas oportunidades de sofrer mutações a cada nova geração, o que aumenta as chances de “filhos” ou “netos” desses vírus desenvolverem resistência a um remédio ou vacina desenvolvidos pelos laboratórios.

2. Qual é o remédio mais promissor até o momento?
No momento, é a dexametasona. Esse remédio, que já existe no mercado e é barato. A dexametasona, que é um tipo de corticóide, uma espécie de cortisona, conseguiu reduzir em as mortes.

Essa substância, quando usada em doses adequadas (que não dão muito altas), consegue evitar a resposta imunológica exagerada, justamente a que acontece em pacientes graves de COVID-19. Isso provoca no nosso corpo uma resposta inflamatória muito exagerada também, que pode danificar o nosso próprio corpo. Isso tem acontecido com pacientes graves de COVID-19, que acabam tendo seus pulmões lesionados devido a essa resposta inflamatória exacerbada.

A dexametasona consegue inibir essa resposta descontrolada do sistema de defesa de pacientes graves, melhorando a evolução e e reduzindo em ⅓ a taxa de mortalidade desses doentes. Mas que fique claro: esse remédio só funciona em pacientes graves que estão em ventilação mecânica! Pacientes com a forma leve de COVID-19 dão conta, sozinhos, de combater o vírus e sarar.

Outra droga que tem mostrado resultados promissores, embora os resultados apresentados até agora sejam bem limitados, é o remdesivir. Ele foi desenvolvido para tratar várias outras doenças virais graves, com o Ebola. O remdesivir bloqueia a capacidade de o coronavírus fazer cópias de si mesmo e, assim, se espalhar pelo corpo de alguém. 
Os resultados de todos os testes feitos até o momento mostraram que o medicamento conseguiu reduzir as internações hospitalares de 15 para 11 dias. Mas apenas de pacientes com a forma moderada da doença. 

O remdesivir não se mostrou muito eficaz em pacientes com a forma mais grave de COVID-19, incluindo aqueles em um ventilador ou em um aparelho cardíaco-pulmonar. 

3. Existe algum outro antiviral sendo estudado?
A verdade é que há vários. Os mais importantes são estes:

● EIDD-2801 - O EIDD-2801 foi criado por cientistas de uma empresa de biotecnologia sem fins lucrativos, de propriedade da Emory University. 
Até agora, só foram feitos estudos em animais, mas os resultados mostraram que ele conseguiu reduzir os sintomas da SARS, outra doença causada por um tipo de coronavírus. 
Em maio, a gigante farmacêutica Merck assinou um termo de cooperação com essa empresa de biotecnologia para desenvolver o EIDD-2801, que já começou a ser testado em seres humanos no Reino Unido. Uma vantagem do EIDD-2801 sobre o remdesivir é que ele pode ser tomado como um comprimido e não por via intravenosa.

● Anticorpos anti-COVID - Várias gigantes farmacêuticas, como a AstraZeneca Plc, Eli Lilly & Co estão correndo atrás disso. Anticorpos descobertos por esses fabricantes de medicamentos são capazes de imitar uma resposta do sistema imunológico ao vírus. Os estudos estão de graus diferentes de desenvolvimento.

● Cloroquina e hidroxicloroquina - A hidroxicloroquina e a cloroquina são medicamentos antimaláricos que foram testados em outros surtos virais, geralmente sem sucesso. A controvérsia sobre a hidroxicloroquina cresceu depois que os autores de um estudo publicado na conceituadíssima revista médica The Lancet tiveram de se retratar.

Mas o fato é que até agora não há provas de que ela possa ser usada para prevenir a COVID-19 nem que de fato ela consiga recuperar pacientes graves. 

4. Há algum outro tipo de tratamento sendo estudado?
Estudos são o que não falta. Cientistas também têm se debruçado sobre terapias indiretas, que são aquelas que não combatem diretamente o vírus, mas podem ajudar pacientes que adoeceram, reduzindo os efeitos da doença, como dificuldade para respirar ou respostas inflamatórias graves. 

Alguns remédios artrite reumatóide e outros novos estão sendo testados. Esses remédios ajudam a minimizar a inflamação causada pelo vírus.

5. Como está o desenvolvimento de uma vacina?
A chegada de uma vacina será o ponto mais fundamental no combate ao coronavírus. Muitas e muitas empresas, em parceria ou não com universidades, estão pesquisando e já testando em humanos várias vacinas.

Apesar de a ciência estar pulando etapas - claro, o mundo aguarda ansioso a chegada de uma vacina -, não é tão rápido o desenvolvimento de vacinas, em parte porque é preciso provar que elas são extremamente seguras e que não vão causar nenhum efeito colateral grave em pessoas saudáveis.

Existem vacinas, como a da AstraZeneca, que já estão sendo testadas em humanos e acredita-se que poderão chegar nos estágios finais de teste até julho/agosto. 
Ela é feita com um vírus que não causa nenhum dano e que foi alterado para produzir uma proteína específica do SARS-CoV-2. Isso enganaria o nosso corpo, fazendo com que ele achasse que foi contaminado pelo coronavírus e produzindo anticorpos em resposta a isso.

Outras vacinas são feitas com o próprio coronavírus, mas que foi atenuado para não causar a doença. Igual ao que acontece com a vacina da gripe, por exemplo.

6. Alguma novidade foi anunciada no Brasil?
Sim. O Governo do Estado de São Paulo, através do Instituto Butantã, anunciou uma parceria com um laboratório chinês para o desenvolvimento de uma vacina. Os chineses estão bem avançados nos estudos de possíveis vacinas, porém é bom lembrar que se uma vacina surgir dessa parceria e ela for segura e eficiente, só deverá ser produzida em larga escala daqui a um ano, no mínimo.

Outra boa notícia é que o Hospital das Clínicas de São Paulo desenvolveu um protocolo que reduz o tempo de pacientes com COVID-19 em UTI de 15 dias para, em média, 12 dias. Isso significa que a cada 36 dias, um mesmo leito pode ser ocupado por 3 pacientes, informa Maria Carolina Trevisan, comentarista do UOL.

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